As manifestações neurológicas da sífilis, denominadas neurossífilis (NS), representam complicações relativamente frequentes que podem surgir em qualquer fase da doença. O diagnóstico da NS se configura como um desafio devido à variedade e inespecificidade dos sinais clínicos, à capacidade de mimetizar outras enfermidades e à ausência de um teste laboratorial com alta sensibilidade e especificidade.

 

Apesar da avaliação de diversos biomarcadores para essa patologia, nenhum se consolidou na prática clínica. Diante das significativas limitações das técnicas diagnósticas disponíveis para NS, este estudo busca apresentar uma ferramenta promissora e altamente específica para o diagnóstico da NS: a medição da síntese intratecal de imunoglobulinas.

 

Metodologia

 

O estudo avaliou o desempenho do índice de anticorpos (IA) para síntese intratecal de IgG anti-Treponema por nefelometria, dosado simultaneamente no soro e no líquido cefalorraquidiano (LCR), com cálculo do IA conforme o diagrama de Reiber. O LCR foi coletado por punção lombar de dois pacientes internados em um hospital privado no Brasil: uma mulher de 70 anos (LCR 1) e um homem de 32 anos (LCR 2), ambos com diagnóstico sorológico de sífilis e manifestações neurológicas, para confirmação de NS.

 

Resultados

 

Na análise macroscópica, ambos os LCRs apresentaram aspecto límpido e coloração incolor, antes e após centrifugação. O LCR 1 demonstrou discreto aumento na contagem global de células nucleadas (8/mm3), enquanto o LCR 2 apresentou celularidade normal (3/mm3). A análise bioquímica do LCR 1 revelou proteinorraquia elevada (70,4mg/dL) e a relação glicorraquia/glicemia evidenciou consumo de glicose (índice de 0,33). O LCR 2, por outro lado, não apresentou alterações bioquímicas. A avaliação da Barreira Hematoencefálica (BHE) indicou distúrbio de barreira em ambos os LCRs, com imunoprodução intratecal de IgG no Sistema Nervoso Central (SNC), com IA de 1,77 para o LCR 1 e 1,10 para o LCR 2.

 

Discussão

 

Diante da ausência de um padrão ouro para o diagnóstico da NS, em virtude das limitações de diversas técnicas diagnósticas, a avaliação da síntese intratecal de anticorpos específicos para sífilis se apresenta como uma ferramenta promissora e altamente específica para o diagnóstico da NS. Essa técnica demonstrou ser eficaz na diferenciação entre NS e outras doenças neurológicas, inclusive em casos com sorologia negativa para sífilis no soro.

 

Conclusão

O estudo fornece evidências que sustentam a síntese intratecal de anticorpos específicos para sífilis como uma ferramenta promissora para o diagnóstico da NS, oferecendo maior sensibilidade e especificidade quando comparado aos métodos tradicionais. Essa técnica contribui para o diagnóstico mais preciso da NS, permitindo o manejo adequado da doença e a otimização dos resultados do tratamento.

 

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