A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, com diversas manifestações clínicas. Dentre elas, o acometimento neurológico, conhecido como NeuroTB, é considerado a forma mais grave e letal da TB extrapulmonar, englobando desde meningite tuberculosa até tuberculomas cerebrais e espinhais, além de infecção vertebral com compressão da medula espinhal. A penetração de bacilos de Mycobacterium tuberculosis no Sistema Nervoso Central (SNC) é um processo complexo, que envolve a quebra da barreira hematoencefálica (BHE) e pode permanecer assintomático por anos.
Método
Com o objetivo de aprimorar os métodos de diagnóstico da NeuroTB, foi conduzida uma revisão sistemática nas principais bases de dados, como Pubmed, Scopus, Web of Science e Lilacs, nos últimos cinco anos, com foco na língua inglesa.
Resultados
Atualmente, os exames utilizados para o diagnóstico da NeuroTB apresentam limitações significativas, como a demora na execução e baixa sensibilidade. Diante desse cenário, propomos a inclusão do normograma de Reiber como uma alternativa promissora. Este método se baseia no quociente entre o Líquido Cefalorraquidiano (LCR) e o soro para imunoglobulinas IgG, IgA e IgM, utilizando gráficos hiperbólicos para estabelecer uma relação estatística confiável para estudos de síntese intratecal e quebra de barreira.
Além disso, o normograma de Reiber leva em consideração fatores como idade, fluxo sanguíneo no LCR e teoria da difusão, permitindo uma abordagem diferenciada para diferentes patologias neurológicas. Por meio deste método, é possível identificar um padrão de biocomportamento específico da NeuroTB, caracterizado por síntese intratecal de IgA, disfunção severa da BHE, aumento moderado na contagem de células e concentração elevada de lactato no LCR. Essa assinatura biológica não é observada em outras condições neurológicas, como neurotoxoplasmose, infecções fúngicas, metástases, neurosífilis e HIV.
Conclusão
Os reibergramas representam uma técnica de baixo custo e alta eficácia no diagnóstico da NeuroTB, permitindo uma caracterização precisa da função da BHE e da síntese intratecal de imunoglobulinas em distúrbios neurológicos. A inclusão deste método pode revolucionar a abordagem diagnóstica da NeuroTB, proporcionando uma detecção mais rápida e precisa, o que é crucial para o manejo clínico e prognóstico dos pacientes afetados por esta grave condição.
